Os Dez Mandamentos - Descobrindo a Plenitude dos Mandamentos de Deus
[ 1º ] [ 2º ] [ 3º ] [ 4º ] [ 5º ] [ 6º ] [ 7º ] [ 8º ] [ 9º ] [ 10º ]
5º - Honra teu pai e tua mãe
Numa cultura que honra a juventude, “honra teu pai e tua mãe” (Êxodo
20.12a) não faz sentido algum. Honra não é algo que buscamos para nós
mesmos? Então o que significa isso de honrar outros?
O culta da juventude
A nossa cultura tolerante tem tolerância zero para com o envelhecer, o
que produziu um culto à juventude perpétua. Como resultado desse frenesi
por parecer jovem, os norte-americanos gastam anualmente com
procedimentos cosméticos o suficiente para alimentar e vestir cinquenta e
quatro milhões de crianças famintas.
Honrando com devoção a superficialidade da aparência, nós olhamos com
desejo para a juventude – e com desprezo para a velhice e a maturidade.
Desesperadamente nos recusamos a crescer e a desistir das coisas
próprias de menino (1 Coríntios 13.11b), assim, em vez de demonstrar
honra para com os mais velhos, nós os desdenhamos.
Desonrar a maturidade, contudo, não é problema apenas da nossa cultura
jovem obcecada pela imagem. Vendo semelhante tendência na Genebra do
século XVI, João Calvino advertiu do seu leito de morte: “Que os jovens
continuem a ser modestos, sem o desejo de se colocarem em evidência
demais; pois há sempre um caráter jactancioso em pessoas jovens … que se
apressam em desdenhar dos outros”.
De modo perverso, a nossa cultura transforma em virtude o “apressar-se
em desdenhar dos outros”, especialmente dos pais. O professor Jared
Diamond, da University of California, Los Angeles (UCLA),
sustenta que, com a tecnologia e o acesso a inesgotável informação, nós
não mais precisamos dos mais maduros como fonte de sabedoria.
Honrar a todos
Em seu âmago, o quinto mandamento se estende além da honra aos pais. Ele
“exige a preservação da honra e o desempenho dos deveres pertencentes a
cada um em suas diferentes condições e relações, como superiores,
inferiores ou iguais” (Breve Catecismos de Westminster, P&R 64).
Encrustado no quinto mandamento está todo o nosso dever de amar o próximo como a nós mesmos – todos os nossos próximos.
Mas honrar é difícil; exige suspendermos o culto de nós mesmos,
desistirmos da honra a qual imaginamos nos pertencer e entregarmo-la a
outrem, nos deixarmos gastar pelo bem dos outros, nos levantarmos na
presença do ancião (Levítico 19.32) e, por meio disso, honrarmos a Deus.
Amantes incorrigíveis do ego, nós achamos difícil demais honrar os
outros – na verdade, nós achamos impossível. Assim, nós procuramos uma
escapatória. Muitos têm boas razões. Um jovem angustiado certa vez me
perguntou: “Como eu deveria honrar meu pai depois do que ele fez à minha
mãe?”. Era uma boa pergunta. Eu sabia o que seu pai havia feito. Ele
havia fugido com outra mulher, restando à sua esposa grávida juntar os
cacos do desastre doméstico criado pelo seu comportamento profundamente
desonroso. Não obstante, Deus diz a esse homem para honrar o seu pai.
Os fariseus pensaram ter estabelecido definitivamente a cláusula de
exceção quanto a honrar os pais. Eles haviam elaborado uma tradição
segundo a qual, uma vez declarado que seus recursos eram uma oferta a
Deus, eles estavam livres de guardar o quinto mandamento. Jesus expôs a
fraude: “E, assim, invalidastes a palavra de Deus, por causa da vossa
tradição. Hipócritas! Bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo:
Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim”
(Mateus 15.6-8).
Apenas corações que foram aproximados de Deus em Cristo podem
verdadeiramente honrar pai e mãe, até mesmo pais que agiram de modo
desonroso. Assim como “filhos, obedecei vossos pais” não inclui obedecer
nenhuma ordem pecaminosa, também “honra teu pai” não inclui honrar o
seu comportamento desonroso.
Claramente, se Pedro podia instar os crentes do primeiro século a
honrarem a todos, inclusive o imperador Nero (1 Pedro 2.17), então a
ordem de honrar os pais não é anulada pelo fato de ter um pai desonroso,
do mesmo modo como a ordem de amar o nosso próximo não é anulada quando
temos um vizinho que arremessa latas de cerveja por sobre nosso muro.
As ordenanças de Deus ainda se aplicam num mundo quebrado de vizinhos
imperfeitos e pais desonrosos; elas nos foram dadas pelo nosso gracioso
Pai celeste como dons apropriados exatamente para este mundo.
Perfeita obediência é exigida
De modo singular, ao quinto mandamento está anexa uma perpétua
consequência por se lhe obedecer: “para que se prolonguem os teus dias
na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá” (Êxodo 20.12b).
Vida longa – vida eterna. Inabalavelmente assegurada por nosso
Irmão primogênito, cuja obediência ultrapassa aquela dos escribas e
fariseus (Mateus 5.20), o qual é o único perfeito como o seu Pai celeste
(5.48), o qual fez o que ninguém jamais foi capaz de fazer: cumprir
perfeitamente todos os deveres exigidos na lei de Deus. Escolha o seu
herói terreno; nenhum deles honrou perfeitamente os seus pais.
Exceto Jesus. Honrando a vontade de seu Pai, Cristo orou: “Meu Pai, se
possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e
sim como tu queres” (Mateus 26.39). Desprezado na cruz, o Filho obedeceu
e honrou perfeitamente o seu Pai – embora isso lhe tenha custado tudo.
“Honra teu pai e tua mãe”. Jesus o fez. Nele, nós podemos crescer
diariamente na graça de honrar os nossos pais terrenos para a honra
ainda maior do nosso Pai celestial.
Fonte: Voltemos ao Evangelho
Nenhum comentário:
Postar um comentário