19 de fevereiro de 2014

Artigos - O Túmulo da Família de Jesus: Fato ou Ficção?

O Túmulo da Família de Jesus

Fato ou Ficção?

Os ossos de Jesus foram descobertos?

O túmulo de Jesus Cristo foi descoberto em Talpiot, subúrbio de Jerusalém?

Em um documentário de TV da Discovery Channel de 2007, o produtor James Cameron (Titanic) e o diretor judeu Simcha Jacobovici tentaram provar que o sepulcro e os ossos de Jesus foram descobertos próximos a Jerusalém. Cameron e Jacobovici ainda citaram evidências de que Jesus teria tido um filho com Maria Madalena.

Se o túmulo de Jesus tiver de fato sido descoberto, toda a história cristã foi baseada em uma falsa premissa—a de que Jesus ressuscitou fisicamente dentre os mortos e foi visto vivo por mais de 500 seguidores, passou 40 dias ensinando seus discípulos e ascendeu aos céus. Mas antes de os envolvermos em outra conspiração tipo Da Vinci, vamos observar os fatos por trás das declarações de Cameron.

Os fatos declarados:

1º - Em 1980, dez caixas de ossos de calcário (ossuários) datados do primeiro século, foram descobertos em um túmulo escavado em Talpiot, subúrbio de Jerusalém.

2º - Seis inscrições foram descobertas com nomes similares a ou iguais à família e discípulos de Jesus Cristo:
  1. Jesus, filho de José;
  2. Maria;
  3. Mariamene e Mara;
  4. Mateus;
  5. Jofa; e
  6. Judá, filho de Jesus.
3º - Cameron tenta provar que Mariamene e Mara é Maria Madalena e que ela e Jesus tiveram um filho chamado “Judá, filho de Jesus”.

4º - As análises de DNA identificaram que os tecidos dos ossuários de Jesus e Mariamene e Mara não tinham parentesco, aumentando a possibilidade de terem casado e tido um filho.

Verificando a evidência:

Então, qual a probabilidade de este ser o túmulo de Jesus? De acordo com Cameron e Jacobovici, a probabilidade estatística desses nomes pertencerem a outra família que não a de Jesus Cristo é de 600 contra 1. Contudo, os estudiosos contestam muitas das premissas das interpretações desses fatos. Vejamos:

1º - É verdade que esses ossuários foram descobertos em um túmulo antigo. Porém milhares de túmulos similares foram descobertos em Jerusalém. E ossuários eram muitas vezes usados para conter os ossos de mais de um indivíduo. De fato, de acordo com Dr. Craig Evans, PhD, autor de Jesus and the Ossuaries, o túmulo continha ossos de cerca de 35 indivíduos diferentes, e cerca de metade eram desses ossuários. Evans também observou que havia contaminação considerável no local.

2º - Cameron e Jacobovici estão corretos sobre os nomes que afirmam estar indicados nos ossuários? Não, de acordo com muitos especialistas. Alguns foram escritos em aramaico, outros em hebraico e outro em grego. Isto indica que não foram enterrados no mesmo período. Não está claro que “Jesus” está indicado em nenhum desses ossuários. A análise da equipe pessoal do Dr. Evans do ossuário foi inconclusiva. Stephen Pfann, um estudioso bíblico da Universidade da Terra Sagrada em Jerusalém, também não está certo que o nome “Jesus” no recipiente foi lido corretamente. Ele pensa que é mais provável ser o nome “Hanum”. A escrita semita antiga é notavelmente difícil de decifrar.

Além disso, deve-se notar que os nomes Jesus, Maria e José eram extremamente comuns no primeiro século. Cerca de 25% das mulheres do tempo de Jesus chamavam-se Maria. José também era um nome comum. E cerca de um décimo possuía o nome “Jesus”. Dr. Evans indica que aproximadamente 100 túmulos foram descobertos em Jerusalém com o nome “Jesus” e 200 com o nome “José”. O nome “Maria” está em muitos outros.

Cada nome, com exceção de Mariamene, parece comum a este período e somente em 1996 que a BBC realizou um filme sugerindo que, dada a combinação, poderia ser uma família. A ideia foi eventualmente deixada de lado, pois, como afirmado pelo estudioso do Novo Testamento Richard Bauckham, “os nomes com ressonância bíblica são tão comuns que mesmo ao testar a probabilidade de um grupo, as chances de ser a família do famoso Jesus são muito baixas”.

3º - A base estatística para toda a teoria de “Túmulo de Jesus” ergue-se ou recai sobre a questão de Maria Madalena. O nome Mariamene e Mara significa Maria Madalena, como tentaram provar Cameron e Jacobovici? Não, de acordo a maioria dos especialistas. Esta interpretação simplesmente não é baseada em evidências. Bauckham observa: “o primeiro uso de ‘Mariamene’ para Madalena data de um estudioso nascido em 185, sugerindo que Madalena não teria sido chamada assim no momento de sua morte.”

Então, mesmo que Cameron e Jacobovici tenham obtido a ajuda de um estatístico, Andrey Feuerverger, para prover suporte ao seu caso, seus números baseiam-se em premissas contestadas pela maioria dos estudiosos. De fato, Feuerverger admite que as premissas foram fornecidas a ele por Jacobovici e que o grande fator em seus 600 contra 1 é a identidade de Mariamene e Mara como Maria Madalena. Feuerverger defende seu papel em uma entrevista para o Scientific American: “de fato eu permiti que o número um em 600 fosse usado no filme—estou preparado para corroborar isto, mas segundo o entendimento de que esses números foram calculados com base em premissas que me foram solicitadas utilizar”.

Todavia, a análise estatística do Dr. Randy Ingermanson indica que há menos de uma chance em 10 mil que este seja o túmulo de Jesus de Nazaré.

4º - E quanto aos testes de DNA? Isso não prova que Jesus está naquele túmulo? Examinemos com mais detalhes o que o teste de DNA mediu. Com resíduos (não havia ossos para examinar) dos ossuários que Jacobovici identificou como pertencentes a Jesus e Mariamene, foi usado teste de DNA mitocondrial para ver se eram aparentados. Os resultados provaram negativo, indicando que os dois indivíduos não poderiam ser aparentados pelo lado materno. Ele presume então que os dois eram casados. Mas Bauckham não ficou impressionado. Ele escreve: “e se ‘Jesus’ e ‘Mariamene’ não eram aparentados pela linha materna, por que concluir que eram marido e mulher em vez de aparentados pela linha paterna?”

É o fato de que esses nomes em particular foram descobertos no mesmo túmulo que incendiou a especulação que de era de fato o túmulo de Jesus. Mas muitos estudiosos acreditam que Cameron e Jacobovici distorceram as evidências para construir um caso onde não havia. Além disso, existem muitas questões contraditórias que precisam ser respondidas antes de chegar a uma conclusão que desbanca séculos de estudo histórico.


Se realmente era o túmulo de Jesus

1º - Por que Cameron e Jacobovici não citam estudiosos que discordam com suas conclusões? Por exemplo, em 1996, quando a British Broadcasting Corp. exibiu um curto documentário sobre o mesmo tema, arqueólogos contestaram as afirmações. Na verdade, a maior parte dos arqueólogos debatem as afirmações.

2º - Visto que o costume era enterrar os mortos em sua cidade natal, por que o túmulo de Maria e José estaria em Jerusalém em vez de Nazaré? O pesquisador do Oriente Médio e antropologista bíblico Joe Zias declara: “isto não tem nada a ver com Jesus, ele era conhecido como Jesus de Nazaré, não Jesus de Jerusalém e se a família fosse abastada o suficiente para poder ter um túmulo, o que provavelmente não eram, teria sido em Nazaré, não em Jerusalém”. Zias refuta as afirmações de Cameron como “desonestas”.

3º -  Por que os inimigos de Jesus, os líderes judeus, não expuseram o túmulo? Eles procuraram por toda Jerusalém evidências do corpo de Jesus, dizendo que os discípulos de Jesus o haviam roubado. Eles odiavam Jesus o suficiente para querer crucificá-lo e ficariam exultados em descobrir seu túmulo, se de fato existisse.

4º - Por que os romanos não expuseram as inscrições como pertencentes a Jesus? Os soldados romanos controlavam toda a cidade de Jerusalém e sabiam que o corpo havia sumido do túmulo que tinham guardado.

5º - Por que nenhum historiador romano ou judeu da época escreveu sobre o túmulo? Nenhum historiador da época menciona o túmulo em questão.

6º - Por que o ossuário de Tiago, que foi identificado como falsificação, foi citado por Cameron e Jacobovici como uma das razões da validade do túmulo? O correspondente da CBS News Mark Philips relata que “o paradigma arqueológico juntou-se para classificar estas afirmações como falsas. Esta é a segunda vez que o Discovery Channel está envolvido em afirmações controversas sobre um túmulo antigo”, relata Phillips. “O homem por trás do caso anterior está sendo julgado por falsificação.” Ben Witherington, um especialista do cristianismo antigo que envolveu-se profundamente com o Ossuário de Tiago, declara: “existem razões de ordem física para acreditar que este não poderia ter sido originado no terreno de Talpiot”.

7º - Por que Jacobovici e Cameron esperaram até antes da páscoa para lançar o livro e o documentário? Amos Kloner, o primeiro arqueólogo a examinar o local, disse que a ideia não se mantém de acordo com os padrões arqueológicos, mas é rentável para a televisão. “Eles só querem o dinheiro”, disse Kloner.

8º - Por que os discípulos de Jesus aguentariam torturas por afirmar que ele ressuscitou se soubessem que isso fosse um golpe? O estudioso do Novo Testamento Darrell Bock pergunta: “por que a família ou seguidores de Jesus enterrariam seus ossos em um terreno da família e depois sairiam pregando que ele havia fisicamente ressuscitado dentre os mortos?”

Perguntando aos Especialistas

Stephen Pfann, que foi entrevistado no documentário, disse que a hipótese do filme possui pouca força. “Eu não acho que nenhum cristão vá acreditar nisso”, disse Pfann. “Mas os céticos, em geral, gostariam de ver algo que mostra as falhas da história na qual tantas pessoas acreditam.” “Qual a probabilidade?” Pfann disse. “Em uma escala de um a dez – dez sendo completamente possível – seria provavelmente um, talvez um e meio.”

Osnat Goaz, oradora da agência israelense do governo responsável pela arqueologia, disse que a Autoridade de Antiguidades concordou em enviar dois ossuários para Nova Iorque, mas eles não continham restos mortais humanos. “Concordamos em enviar os ossuários, mas isso não significa que concordamos com as pessoas que fizeram o filme”, disse ela.

William Dever, um especialista em arqueologia e antropologia do Oriente Médio que trabalhou com arqueólogos israelenses por cinco décadas, disse que os especialistas tinham conhecimento dos ossuários já há muitos anos. “O fato de ter sido ignorado significa algo”, disse Dever, professor emérito da Universidade do Arizona. “Seria até engraçado se não tivesse enganado tantas pessoas.”

De fato, Cameron e Jacobovici não são os únicos a afirmar que o túmulo de Jesus foi descoberto.
Vejamos outros que citaram “evidências” em livros e sites: 

Veredito dos Especialistas

Então o túmulo de Jesus foi mesmo descoberto? Para saber, vamos ouvir os especialistas líderes.

Jodi Magness, uma arqueóloga da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, expressou irritação com o fato de as declarações terem sido feitas em uma conferência de notícias em vez de um artigo científico revisado pela classe. Ao irem diretamente para a mídia, disse, os cineastas “colocaram a questão como um debate acadêmico legítimo, quando a grande maioria dos estudiosos especializados na arqueologia do período rejeitou-na completamente”.

Magness observou que no tempo de Jesus, as famílias ricas enterravam seus mortos em túmulos talhados à mão em rocha sólida, colocando os ossos em nichos nas paredes e posteriormente transferindo-os para ossuários.

Ela disse que Jesus veio de uma família pobre que, como a maioria dos judeus da época, provavelmente teria enterrado seus mortos em covas comuns. “Se a família de Jesus tivesse sido rica o suficiente para adquirir um túmulo de rocha talhada, teria sido em Nazaré, não em Jerusalém”, diz ela.

Magness também disse que os nomes nos ossuários de Talpiot indicam que o túmulo pertencia a uma família da Judeia, a área nos arredores de Jerusalém, onde as pessoas eram conhecidas por seu primeiro nome e nome do pai. Como galileus, Jesus e os membros da sua família teriam usado o primeiro nome e a cidade de nascimento, conta ela.

“Todo o caso é falho do início ao fim”, afirma.

E esta conclusão parece ser o consenso de grande parte dos arqueólogos. Como um estudioso imparcial que vem escavando locais antigos em Israel por 50 anos, William G. Dever compartilha sua opinião. Ele é amplamente considerado o mestre da arqueologia bíblica entre os estudiosos dos EUA. Dever escreve:
“Não sou cristão. Não tenho crença. Eu não tenho nada a ver com essa briga, eu apenas acho que é uma vergonha a maneira que a história está sendo exposta e manipulada.”
A ressurreição de Jesus: Mito ou Realidade

Além do túmulo, a questão não respondida por muitos é: quais evidências existem no século 21 que prova ou refuta a ressurreição de Jesus? A recente atenção da mídia sobre “O túmulo da família de Jesus” pede uma investigação verdadeira por evidências. Alguns céticos pensaram que não havia evidências e começaram a escrever livros para negar a ressurreição de Jesus. Quais evidências surpreendentes eles descobriram?


Fonte: Y-Jesus  Divulgação: Massoreticos

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